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comunidade rastafari de Shashamane, na província de Shoa, Etiópia
(indicada pela marca vermelha no mapa acima), ainda resiste apesar de
todos os problemas enfrentados em 55 anos de história. É
o que foi constatado por Paul Salopek, repórter do jornal americano
Chicago
Tribune, que esteve na famosa comunidade, considerada como a Jerusalém
rasta. O antigo imperador Haile Selassie I, tido como Deus vivo por
alguns rastas e como uma encarnação de Jesus Cristo por
outros, cedeu a 12 pioneiros jamaicanos, em 1952, cinco mil metros quadrados
de terra na cidade de Shashamane, há 250 quilômetros da
capital, Addis-Abeba. Essa doação foi feita em agradecimento
aos líderes negros dos Estados Unidos e do Caribe que levantaram
fundos para que Selassie pudesse rearmar seu exército e retornar
ao trono da Etiópia. O país havia sido tomado pelos italianos
em 1941 (que já haviam perdido a batalha de Adowa para os etíopes
na primeira tentativa de conquista em 1896) e foi recuperada, com a
ajuda dos donativos e dos soldados ingleses, antes do final da Segunda
Guerra Mundial. Mas a facção militar de inspiração
soviética que tomou o poder em 1974, acusada de ter assassinado
Selassie no ano seguinte, confiscou toda a terra, deixando os colonos
à míngua, o que foi atenuado um ano depois, com a cessão
do espaço ocupado por suas casas.

A comunidade
(foto acima) resistiu a essa crise e também ao período
de seca e fome que assolou o país nos anos 1980. Hoje conta com
mais de 200 integrantes, a maioria crianças e jovens, nascidos
na Etiópia. Entre os adultos a composição é
eclética. Embora a maioria seja natural da Jamaica, a comunidade
conta ainda com nativos de outras ilhas do Caribe, da Inglaterra e dos
Estados Unidos. Alguns trabalham no comércio local, com pousadas
e mercearias. Hoje as coisas estão melhores também porque
a comunidade conta com o apoio de artistas jamaicanos como Rita Marley,
que financiou uma escola e um posto de saúde em Shashamane. O
lugar também é visitado por turistas, principalmente na
festa que realizam por ocasião do aniversário de Haile
Selassie I, em 23 de julho.

Desmond Martin mostra foto de Bob Marley, que esteve
na Etiópia em 1979, com os rastas da comunidade, Martin é
o quarto da direita para a esquerda (foto Paul Salopek)
Desmond
Martin (foto acima), um jamaicano que chegou em Shashamane nos anos
1970, acha que a Etiópia será sempre uma terra sagrada,
mas que eles “não são considerados como parte deste
lugar”. Os nativos etíopes se dividem sobre eles, acham
que são pessoas bem intencionadas, mas não aprovam o uso
da ganja, porque, segundo o professor Taye Kebede , “eles estão
criando um mercado para a maconha, fazendo com que os fazendeiros parem
de cultivar batata”. A erva sagrada dos rastas e fatores políticos
estão dificultando a obtenção da cidadania etíope
pelos colonos, algo que reinvindicam há cinquenta anos sem sucesso.
Mas eles continuam lutando, como ratifica Earl "Chips" Sobers,
um rasta de 44 anos, natural de Trinidad e Tobago, que se radicou lá
em 2002: “Algumas pessoas vieram para cá esperando encontrar
o Paraíso. Não é. Esse é o país do
leão. Você tem que ser um leão para viver aqui”.

As
revistas européias de reggae estão em clima de balanço,
com muitas matérias históricas de peso, como a que celebra
os 30 anos da gravadora inglesa Greensleaves, outra que faz uma retrospectiva
da carreira do compositor, tecladista e produtor Augustus Pablo (na
francesa Natty Dread), além dos 30 anos de carreira de King Jammy
(na alemã Riddim), entre outras. Nessa
seção será feito um balanço da Massive Reggae
sobre as principais publicações da imprensa reggae do
Velho Continente, começando pela revista germânica (com
edição em inglês) Riddim.
Ela traz matéria de capa com o singer Richie Spice, irmão
de Pliers e Spanner Banner, mas o artigo sobre King Jammy salta aos
olhos, principalmente quando sabemos da dificuldade de se conseguir
uma entrevista com o veterano produtor. Lloyd “King Jammys”
James é tido como o principal responsável pela “Revolução
Digital” (embora não tenha sido o primeiro a gravar com
os sintetizadores predominando), que é o nome de um DVD que acabou
de ser lançado pela VP Records sobre ele. As imagens e sons do
DVD mostram um pouco de seu trabalho no estúdio e nos sound-systems,
fazendo parte de um pacote que inclui também quatro CDs duplos
com o nome de “Selector’s Choice”, que passam em revista
toda a trajetória do estúdio Jammy’s. “Eu
sei pela minha experiência que tocar discos num dancehall naquela
época [meados dos anos 1980] era tocar Jammys na maior parte
do tempo” contou para a revista Johnny Wonder, selector e atual
diretor artístico (A&R) da VP, que completa “você
chegava na loja, via aquele selo azul e branco no disco e já
dizia, ‘me dá esse’. Nem se tocava do que era. (...)
É inacreditável o naipe de artistas que ele produziu,
(...) em um minuto ele estava gravando velhos cantores como Dennis Brown
e em outro estava no estúdio com novatos como Major Worries.
Mesmo aqueles que nunca foram reconhecidos fizeram coisas boas com ele”.
A matéria traz boas fotos de Beth Lesser e é um bom complemento
para o bem-cuidado livro escrito por ela sobre o produtor.
Ela conta
a história da sua entrada no meio musical através do incentivo
de King Tubby e Yabby You, além de suas primeiras gravações
com a formação original do Black Uhuru, Half Pint, Junior
Reid e outros ‘brethen’ do gueto barra-pesada de Waterhouse,
onde cresceu. A matéria continua, passando pelos álbuns
de dub-clash entre o então Prince Jammy e Scientist, até
a consagração definitiva com o riddim “Sleng Teng”
(cuja história foi abordada em nota abaixo sobre os vinte anos
da sua gravação). Mais tarde ele voltaria a fazer barulho
com novos artistas, como Bounty Killer, mas a proliferação
de estúdios e artistas (um “efeito colateral” do
modo de produção enxuto e digitalizado que o próprio
Jammys popularizou) nunca mais permitiu que um só produtor exercesse
o domínio que Jammys conseguiu sobre a cena jamaicana entre 1985
e 1987. Naquele tempo ele tinha na mão os DJs de ponta, como
Admiral Bailey, Josey Wales e Tiger, além de cantores do naipe
de Johnny Osbourne e Pinchers, todos com grande vendagem, e ainda os
que logo iriam estourar (com outros produtores), como Shabba Ranks.
Apesar de não morarem mais lá, Jammys e seus filhos continuam
trabalhando no mesmo barraco em Waterhouse e mesmo tendo instalado mais
dois estúdios no lugar, com equipamentos mais modernos, continuam
gravando no antigo quarto que foi transformado há mais de vinte
anos em uma verdadeira usina de hits.

A equipe de Jammys (o último à direita) em 1987,
no auge do estúdio: artesanato digital (foto: Beth Lesser)
Jammys
explica: “no quarto de cima é onde fazemos o trabalho técnico,
mas o estúdio de baixo ainda tem a vibração roots,
entende o que digo? Tem aquele som original lá, então
ainda o usamos para novos projetos. É um lugar histórico,
então temos que manter a coisa acontecendo, sabe? Hoje temos
Pro Tools em todos os nossos estúdios, mas trabalhamos ainda
no analógico, é o que nos dá esse som especial”.
Ele coloca em detalhe um pouco do seu processo de trabalho: “você
tem que conhecer bem o tipo de artista que está gravando e o
tipo de música que ele deveria estar cantando. Você tem
que escolher as canções que o artista traz, estar preparado
para recusar algumas que não se encaixam, porque tem que haver
um equilíbrio que reflita o som em que eles são melhores.
Às vezes temos que dizer a eles para comporem mais músicas
para fazer um bom álbum. Alguns artistas chegam aqui sem saber
de nada (...), deixam tudo para os músicos, mas não é
nada disso. Aqui não ficamos sentados esperando que eles façam
tudo, participamos da coisa toda, fazemos arranjos das canções
jogando uma certa linha de baixo, escolhemos as faixas que vão
entrar no álbum, porque tudo deve sair bem feito. (...) A maior
parte do tempo temos alguém que escreve no estúdio, alguém
que possa mudar um verso ou colocar mais uma linha ou duas para completar
a letra. É o tipo de coisa que caras como Mikey Bennett costumavam
fazer para nós”.
Mas Jammy
também se preocupa com o seu legado: “ainda usamos alguns
dos velhos riddims que gravei primeiro, do final dos anos 70 e início
dos 80, do tempo do Channel One. Apenas colocamos alguns overdubs novos,
mas essencialmente é aquele mesmo som, voltando diretamente pra
você!”, se entusiasma, para então completar: “você
nunca diria que alguns desses riddims datam de trinta anos atrás.
Estamos planejando trazer de volta muitas dessas produções
antigas de gente como Sugar Minott e Black Uhuru também, mas
em diferentes etapas. Vamos acabar reeditando tudo isso, junto com algumas
faixas que gravamos nos anos 70, mas que não foram lançadas.
A qualidade das fitas não é problema, porque começamos
a transferir todas as nossas faixas [para mídia digital] há
muito tempo, estamos quase completando o processo, mas isso demanda
muito trabalho, tenho que dizer. Muito trabalho! Porque algumas das
fitas são tão antigas que é preciso esquentá-las
um pouco, por isso temos que ter muito cuidado e atenção
para conseguir que elas soem perfeitamente”.
Com quase
60 anos, reconhecido em seu meio como um artífice da produção
musical, agraciado com a “Medalha de Excelência” pelo
governo jamaicano, Jammys só não conseguiu concretizar
uma ambição, que é a de fazer os vocais de suas
próprias produções, como o seu antigo rival, Black
Scorpio. Mas ao que tudo indica, ele já está cuidando
dessa lacuna. Segundo a revista Riddim, o DVD “Digital Revolution”
traz um clash entre ele e Scorpio em um dancehall, além de tributos
a Jammys da parte de Shabba Ranks, Johnny Osbourne, Cocoa Tea, Pinchers,
entre outros.
Outras matérias serão resenhadas em breve aqui ou na coluna
Observatório
do Reggae.

Festival Reggae Sunsplash está de volta. Produzido de 1978 a 1997, marcou a história da música jamaicana com show memoráveis das maiores estrelas do gênero, como Bob Marley, Peter Tosh, Jacob Miller , Dennis Brown e Gregory Isaacs. Também marcou a transição do reggae para o dancehall, com a ascensão de Yellowman em 1982 e o estabelecimento da Dancehall Night como a noite mais concorrida do festival. As grandes turnês dos músicos jamaicanos pelo mundo foram primeiramente testadas pelos organizadores do Sunsplash. Atolado em dívidas e sofrendo a concorrência de outros festivais, como o Reggae Sumfest, parecia ter acabado em 1997. Agora um grupo de antigos integrantes da produtora Synergy, responsável pelo festival, anabolizado por investimentos maciços da companhia de telefonia celular da ilha, está programando para agosto deste ano a ressurreição do Reggae Sunsplash. De acordo com o comitê organizador ele será nos moldes tradicionais, isto é, composto por quatro noites com shows até de manhã, que serão abertas pela Dancehall Night na quinta-feira, dia 3 de agosto, seguida pela Worldbeat Night na sexta, 4, pela International Night no sábado, 5 e pela Singers' Night no domingo, 6 de agosto. O line up ainda não está fechado. O festival vai acontecer à beira-mar em um lugar chamado Richmond Estate , no condado de St. Ann, onde ficam as famosas cachoeiras do rio Dunn e o túmulo de Bob Marley, além de alguns dos principais hotéis da ilha.

O jornal Jamaica Gleaner repercutiu a volta do festival contando um pouco de sua história e entrevistando Don Green, um dos principais integrantes da Synergy, que ficou de fora da nova organização. Ele deu um depoimento amargo para o jornal, afirmando que o novos organizadores "não têm a vontade, o conhecimento e a visão" para produzir o festival e que estão "tentando viver da nossa reputação, do nosso pioneirismo e do nosso trabalho duro". Ele se ressente pelo fato dos hotéis terem começado a cobrar taxas de alta estação para o festival, mesmo depois do Sunsplash ter possibilitado aos hotéis uma nova estação de turismo em julho e agosto, pois até o surgimento do festival a alta estação só acontecia no final do ano, dizendo que "todos na Jamaica se beneficiaram, as companhias aéreas, os hotéis, o homem da rua, todos". Mesmo assim os bancos da ilha nunca deram qualquer desconto nos empréstimos feitos e a falta de vontade do governo, além de outros fatores, teriam contribuído para o fim da primeira versao do Sunsplash. Green hoje é professor de marketing em uma universidade de Nova York, mas planeja voltar a trabalhar na Jamaica.

Apesar
dos riddims eletrônicos predominarem, ainda há espaço
para as bandas da apoio, como a We The People, que está completando
30 anos de carreira, liderada pelo veterano Lloyd Parkes (foto acima).
As
apresentações da banda, que mudou apenas um integrante
de sua formação original durante todo este tempo, podem
ser vistas em inúmeras fitas e shows de reggae. Parkes, que toca
baixo, mas também melodica (gaita de teclado popularizada por
Augustus Pablo) e guitarra, além de cantar, declarou ao jornal
Jamaica Gleaner que o principal é ser um instrumentista
profissional, o que significa ser muito disciplinado em
termos de tempo, e ensaiar por horas para ter certeza de que pode tocar
bem seus intrumentos. Além disso é preciso compreender
os sentimentos dos outros [da banda], além dos seus próprios.
Estude cada um para entender seus hábitos e seus modos para saber
o que esperar. Isso vai fazer o show andar suavemente. Parkes
diz que viu poucas bandas aparecerem ultimamente. Já o presidente
da Federação Jamaicana de Músicos, Desmond Young,
que também é integrante da 809 Band, outra banda famosa
pela longevidade, pensa o contrário. Para ele, muitos dos novos
artistas montaram suas próprias bandas, fazendo com que os instrumentistas
da nova geração tivessem trabalho. Ele acha que as bandas
devem ter o pé no chão e não querer brilhar mais
do que os artistas que apóiam. Devem também ser pontuais,
dedicadas e estar atentas para os detalhes da música, além
de cuidar bem dos instrumentos. As pessoas entram nesse negócio
com um sonho em mente e, se ele não dá certo, elas imediatamente
jogam tudo fora. Para continuar você tem que amar isso e superar
os obstáculos que aparecem no caminho.

King
Jammy com os filhos John John, CJ, Jam 2 and Baby G, todos produtores
como ele
'Under
Mi Sleng Teng', lançado há 20 anos atrás pelo
produtor King Jammy e o cantor Wayne Smith, foi um compacto que provocou
uma reviravolta nos rumos do reggae, pois a imensa popularidade que
conquistou quase intantaneamente fez com que os riddims computadorizados
se impusessem como dominantes, o que acontece até os dias de
hoje na Jamaica. Tal
movimento, lamentado por muitos, mas também saudado por ter
permitido o aumento do número de estúdios e a conseqüente
democratização da produção, pelo fato
de não ser mais necessário o emprego obrigatório
de vários instrumentistas, está sendo relembrado e comemorado
por uma série de novos lançamentos. Como em toda história
de sucesso, esta tem várias versões, mas a mais aceita
é que Wayne Smith tenha encontrado o riddim no pequeno sintetizador
Casio do tecladista Tony Asher. Depois de terem gastado mais alguns
dias para conseguir acessar novamente o riddim que haviam tocado antes
(que Peter Dalton afirma ter sido baseado no riff da faixa Something
Else, de Eddie Cochrane integrante da primeira geração
do rock n roll), Asher e Smith ralentaram o ritmo e colocaram
a voz. O compacto foi lançado no final de fevereiro de 1985,
tornando-se um sucesso tão grande que gerou literalmente centenas
de versões, como 'Buddy Bye' de Johnny Osbourne, 'Pumpkin Belly'
de Tenor Saw, 'Trash and Ready' de Supercat, 'Call The Police' de
John Wayne, entre muitos outros. Para o jornal Jamaica Gleaner, King
Jammy contou que a cena musical de então era mais excitante,
porque naquela época estávamos criando coisas. Isso
nos deu mais incentivo e alegria para fazer novas coisas. [
]
Naquela época as pessoas estavam procurando por um novo som.
Novas músicas apareceram, mas vieram com o mesmo tipo de instrumentação
e coisas assim, mas esse (Sleng Teng) era diferente do resto, por
isso pôde cativar o povo. [
] Nunca mais precisei de muitos
músicos para fazer as coisas. As máquinas cuidavam de
tudo. [
] O som acústico estava meio que ficando velho,
era bom também, mas quando as pessoas começaram a ouvir
esse som novo, [
] passaram a gravitar ao redor dele. A
partir daí foi início de uma nova era na música
jamaicana, que foi revitalizada com a construção de
novos estúdios e o aparecimento de uma nova geração
de artistas. Para comemorar os vinte anos de Sleng Teng, Jammy está
relançando o riddim e prepara um álbum duplo com a faixa
original, versões antigas e intepretações novas
do riddim fundador da era do dancehall.

King
Tubby em seu estúdio: história secreta do dub
O
jornalista Jeff Stratton, da revista
New Times, de Miami, conseguiu garimpar um novo personagem na
já diversas vezes contada história do dub: Leslie Ruddock,
mais conhecido como Young Tubby, o "irmão esquecido"
do famoso e saudoso King Tubby. Segundo um
antigo colaborador, Leslie foi o criador de alguns dos efeitos sonoros
que se tornaram a marca registrada do dub clássico nas mãos
do irmão. Young Tubby emigrou para os Estados Unidos ainda
na década de 60 e com melhores recursos tecnológicos
à disposição, começou a pesquisar diversos
efeitos sonoros. Em uma dessas experiências, usou um reverb
Fisher que tinha uma mola de metal que, quando puxada e largada, produzia
ecos e outros sons ainda não usados até aquela época
no reggae. Ele então gravava os sons que conseguia em fita
cassete e mandava para o irmão em Kingston. King Tubby ficou
impressionado com o que ouviu e passou a reproduzir os efeitos em
seu precário estúdio, com as faixas que mixava e remixava.
Dessa forma, um dos principais elementos que compunha o dub clássico
foi produto das experiências de Young
Tubby.
Segundo a matéria de Stratton ele nunca tentou ganhar o crédito
por isso e sempre tentou ficar na sombra, mas tinha que ganhar o pão,
por isso, depois de tentar várias vezes montar um estúdio
nos USA, ele conseguiu ter um na Flórida que fez relativo sucesso,
mas fechou pouco depois da morte de King Tubby. A matéria também
conta pequenos detalhes do assassinato do irmão famoso, que
foi no mesmo dia da data oficial do nascimento de Bob Marley, 6 de
fevereiro. Tubby saiu de carro do seu estúdio no bairro de
Waterhouse a uma da manhã e fez o trajeto de dez minutos até
sua casa. Logo que saiu do carro, o assassino (que até hoje
não foi encontrado) apareceu, roubou a arma que Tubby carregava
e o matou com um tiro.
Leslie Ruddock preza muito sua privacidade e parece ter sido uma luta
conseguir arrancar dele tais informações. O autor do
artigo conta que estava tentando conversar com ele desde pelo menos
o dia de Ação de Graças do ano passado, em novembro,
cercando-o através dos filhos e tomando o depoimento de amigos
e antigos colaboradores. O filho mais velho, Keith, toca dubplates
e usa um laptop sob o nome de Digital K e a filha Michelle, conhecida
como Mixette, especializou-se em hip-hop. Logo que Stratton pediu
uma foto do "unsung hero" do dub, este cortou qualquer relação
com o jornalista, que então publicou o que havia levantado
até aquele momento, desvendando mais uma parte da metade da
história que não é contada, como dizia Peter
Tosh. Que venham mais novidades como essa. Uma biografia de King Tubby
feita por este escrevinhador pode ser lida no site Fyadub.

Toots
Hibberts foi o vencedor do Grammy 2004 de melhor álbum de reggae,
com "True Love".
Este trabalho, que já havia sido comentado anteriormente nessa
seção (reproduzimos um trecho da nota sobre ele abaixo),
concorreu com os álbuns "Black Magic", de Jimmy Cliff;
"The Dub Revolutionaries", da dupla Sly & Robbie, produzida
pelo dubmaster Mad Professor, "African Holocaust", da banda
anglo-jamaicana Steel Pulse e "Def Jamaica", coletânea
que reúne astros do dancehall como Buju Banton, Beenie Man
e figuras de proa do hip-hop americano, como JayZ e Jungle Brothers.
Toots era o único dos indicados que nunca havia ganhado o gramofone
(considerando que a coletânea indicada tem a participação
de três artistas já laureados: Beenie Man, Sean Paul
e Jr. Gong) e tinha sido citado na lista pela quarta vez desde a instituição
da categoria, em 1984 (ver lista dos ganhadores abaixo). Sobre a sua
premiação, Toots, que se encontrava na Jamaica gravando
seu novo trabalho e por isso não pode receber o prêmio,
declarou ao jornal Jamaica Gleaner que "estava muito contente
só por ter sido indicado" e que "não poderia
comemorar agora, pois tinha muito trabalho pela frente". A carreira
de Toots confunde-se com a história da música popular
jamaicana nas últimas décadas, tendo sido iniciada ainda
na época do ska. Por muito tempo ele foi considerado como o
inventor da palavra reggae (Toots chegou a se dizer o criador do reggae
e batizou um de seus discos de Ska Father), por tê-la usado
com uma grafia diferente no título da canção
Do the Reggay. Toots hoje admite ter apenas sido um dos que
popularizaram a expressão, creditando aos instrumentistas o
mérito de terem criado a forma musical que hoje é tocada
e ouvida em todo o mundo.
True
Love reúne uma miscelânea de artistas de gêneros
musicais diferentes, com cada um trazendo um pouco de seu estilo para
as releituras dos sucessos dos Toots Hibberts, mas preservando o reggae
como ritmo-base. A única música que não foi consagrada
na voz de Toots é o zen-country-reggae "Still Is Still
Moving to Me", composto por Willie Nelson e cantado em dueto
com Toots. Outra estrela da música country, Bonnie Raitt, canta
"True Love Is Hard to Find". O álbum parece ter sido
dividido em blocos de gêneros, embora eles estejam espalhados,
sem obedecer a uma ordem. Assim, existe a parte ska, com Terry Hall
(ex-Specials), os decanos do Skatalites (que haviam tocando com Toots
pela última vez há trinta anos atrás) e U Roy
(que na verdade não chegou a cantar ska), fazendo uma versão
cool de "Never Grow Old". Representando a chamada Third
Wave (ver Skarcéu), temos o No Doubt
voltando `as origens no ska para apresentar uma das faixas mais tocadas
pelas bandas do estilo, o clássico "Monkey Man".
Bunny Wailer, Ken Boothe e Marcia Griffiths representam o bom e velho
reggae roots, com uma passagem pelo rocksteady. Shaggy e Rahzel mostram
as caras do dancehall. Eric Clapton, Keith Richards, Jeff Beck, Ryan
Adams e Trey Anastasio (guitarrista da banda Phish) fazem as vezes
do rock. Finalmente o impagável Bootsy Collins, a banda The
Roots e Ben Harper encarnam a porção soul-funk do álbum.
A falta de mais astros do reggae e do ska pode decepcionar os fãs
mais antigos, mas a idéia por trás destes tributos é
justamente buscar um novo público para o artista e revitalizá-lo.
É
um disco feito para agradar a aficionados de vários gêneros,
por isso é difícil apreciá-lo por inteiro, ainda
mais com uma produção um tanto excessiva em alguns momentos,
mas vale muito pelas faixas com os veteranos do ska e algumas outras.
A
lista de todos os ganhadores do pequeno gramofone dourado segue abaixo:
2006 Love Is My Religion, Ziggy Marley (Tuff Gong)
2005 Welcome to Jamrock, Damian Marley (Tuff Gong)
2004 True Love, Toots Hibbert (BMG)
2003 Dutty Rock, Sean Paul (Atlantic)
2002 Jamaican E.T., Lee "Scratch" Perry (Trojan Records)
2001 Halfway Tree, Damian Marley (Motown Records)
2000 Art and Life, Beenie Man (Virgin Records America)
1999 Calling Rastafari, Burning Spear (Heartbeat Records)
1998 Friends, Sly and Robbie (EastWest Records America/EEG)
1997 Fallen is Babylon, Ziggy Marley and the Melody Makers (Elektra
Records/EEG)
1996 Hall of Fame A Tribute to Bob Marley's 50th Anniversary,
Bunny Wailer (RAS Records)
1995 Boombastic, Shaggy (Virgin)
1994 Crucial! Roots Classics, Bunny Wailer (Shanachie)
1993 Bad Boys, Inner Circle (Big Beat/Atlantic)
1992 X-Tra Naked, Shabba Ranks (Epic)
1991 As Raw as Ever, Shabba Ranks (Epic)
1990 Time Will TellA Tribute to Bob Marley, Bunny Wailer (Shanachie)
1989 One Bright Day, Ziggy Marley and the Melody Makers (Virgin)
1988 Conscious Party, Ziggy Marley and the Melody Makers (Virgin)
1987 No Nuclear War, Peter Tosh (EMI-America)
1986 Babylon the Bandit, Steel Pulse (Elektra)
1985 Cliff Hanger, Jimmy Cliff (Columbia/CBS)
1984 Anthem, Black Uhuru (Island)

Se
não foi desta vez que um álbum de dub levou o Grammy
(com o disco "The Dub Revolutionaires", onde Sly & Robbie
encontram o aloprado Mad Professor), ele parece estar ganhando cada
vez mais adeptos, até mesmo na aparentemente rígida
academia britânica, ao menos é o que mostra o projeto
Genomic Dub Collective. O
grupo, formado por um professor e um aluno do doutorado em genética
da Birmingham University, na Inglaterra, lançou no ano passado
o álbum "Origin of Species in Dub". Como sugere o
título, trata-se da leitura de trechos do livro "A origem
das Espécies" de Charles Darwin, sob uma base de dub.
A dupla fez a sua primeira apresentação no campus de
Birmingham durante as comemorações do "Darwin Day"
no dia 12 de fevereiro, data de nascimento do naturalista que mudou
os rumos da ciência. Durante o evento, o professor Mark Pallen
contou para o site da BBC como teve a idéia de realizar essa
inusitada combinação entre dub e ciência de ponta:
quando viu o dub poet Benjamin Zephaniah ler poemas contrários
à escravidão, feitos pelo avô de Darwin, Erasmus,
no "Darwin Day" do ano passado.
Depois disso, fiquei pensando no que poderia fazer este ano
- contou Pallen. Me encontrei com um cientista jamaicano, nos reunimos
e pensamos, "por que não fazemos isso dando um passo adiante
e realizamos na forma de um reggae?".
Pallen
(esquerda) e White (direita): dub genômico
O
cientista jamaicano era Dom White, que ficou encarregado de fazer
os vocais. Em seu site, onde publicou um manifesto que proclama estar
criando um novo gênero musical, o Genomic
Dub Collective esclarece que este ainda é composto por
"um talentoso programador" e um "psicólogo clínico
com extensa experiência como músico e organizador de
eventos". Para gerar este novo gênero, o dub genômico,
o coletivo pretende "codificar seqüências de dados
biológicos no dub", "explorar a interface entre a
ciência e a sociedade", "ressaltar as ameaças
comuns que ligam os cientistas de hoje e as questões sociais
com o passado, com particular ênfase na vida e no trabalho de
Erasmus e Charles Darwin, Haile Selassie (Ras Tafari) e seus contemporâneos",
"levar a ciência ao grande público e o reggae, a
cultura e a história jamaicana para os cientistas", além
de objetivos mais prosaicos como "celebrar as conquistas da ciência
genômica e a vida e o trabalho dos cientistas engajados na ciência
biomédica". O trabalho do coletivo parece estar em consonância
com algumas pesquisas com programas de computador, que simulam uma
associação de notas
musicais aos aminoácidos que compõem o DNA (representados
pelas letras G, T, C e A), estrutura que tem a faculdade de se reproduzir,
fazendo uma espécie de música
genômica auto-gerada.

Benjamin Zephaniah e Mark Pallen (BBC)
As faixas, que podem ser ouvidas no site do grupo (apenas duas na
sua totalidade) são bem simples e privilegiam a leitura do
livro de Darwin. O instrumental também não se parece
com a música genômica que já existe na rede, mas
o site do grupo esclarece que iria "enxertar" somente alguns
trechos de seqüências de dados biológicos nas músicas.
O resultado é um dub curioso, com toques de world music, mas
o importante é que parece ser apenas o início de uma
frutífera e cada vez menos esdrúxula relação
entre música e genômica. É o reggae e o dub abrindo
novas fronteiras.
As
comemorações dos 60 anos do nascimento de Bob Marley
(no Brasil, na foto ao lado) aconteceram em todo mundo, mas a principal
celebração este ano não foi na Jamaica, como
de costume, mas na Etiópia. O evento 'Africa Unite',
que segundo o jornal Jamaica Observer custou um milhão de dólares,
foi aberto no dia 6 de fevereiro, data oficial do nascimento de Marley,
na capital Addis-Abeba, e deverá durar um mês. Na abertura
houve o tradicional show da família Marley, com sua mãe,
Cedella, a esposa Rita e seus muitos filhos, além da nora Lauryn
Hill. Além disso se apresentaram também a cantora Angelique
Kidjo, do Benin, e o etíope Teddy Afro, entre outros artistas.
No Brasil a coincidência com o Carnaval impediu manifestações
maiores, embora alguns tributos tenham sido realizados. Bob Marley
tinha uma ligação especial com o país africano
por ter sido governado por Haile
Selassie, considerado por alguns rastafaris como Deus encarnado.
Rita Marley acendeu uma intensa polêmica na Jamaica por ter
dito ser um dos últimos desejos de Bob o de ser enterrado em
solo etíope. Enquanto o governo jamaicano garantiu que irá
barrar qualquer tentativa de retirar os restos mortais de Marley da
Jamaica, rastafaris como Mutabaruka acusam as autoridades de tentarem
separar Marley de suas convicções rasta. Segundo o Jamaica
Observer, o dub poet jamaicano declarou que "Bob Marley via-se
como um rastaman e ele deve ir para a Etiópia". Esta questão
será acompanhada pelo Massive e logo teremos novidades. Vejam
as fotos do evento na Etiópia no site da Fundação
Bob Marley (agradecemos ao amigo Ras Kilungi, de Angola, pela
dica das fotos).

Rick
Elgood (foto), que co-dirigiu o filme Dancehall Queen
(sobre uma vendedora que se torna popular como dançarina nos
bailes jamaicanos) junto com o anglo-jamaicano Don Letts há
alguns anos atrás, está
em uma missão na ilha
do reggae para tentar promover ações que reaqueçam
o cinema da Jamaica. Para o jornal Jamaica Observer, ele esclareceu
que meu objetivo é mostrar aos homens de negócios
locais que eles podem fazer dinheiro dos filmes jamaicanos. É
um bom investimento. Mesmo em termos de publicidade. Depois
do sucesso de Dancehall Queen, Rick dirigiu mais 3 filmes,
One Love, uma história tipo Romeu e Julieta estrelando
Kymani Marley e um elenco todo jamaicano, Backyard Chat,
feito para o mercado de DVD e que deve ser transformar em uma série
na Tv a cabo e Surf Rastas, contando como o surf tornou-se
popular na praia de Port Antonio, também na ilha caribenha.
Ele está tentando chamar novamente a atenção
de Chris Blackell, que produziu Dancehall Queen e Third
World Cop (dirigido por Chris Browne, sobrinho de Perry Henzell,
diretor do clássico The Harder They Come), para
convencê-lo a voltar a investir em cinema e trazer outros investidores.
Seu interesse tem altos e baixos, mas tenho um roteiro em que
ele está de olho, garante Elgood. A indústria
audiovisual jamaicana é a mais avançada do Caribe depois
de Cuba, a ilha possui muitas produtoras, que atuam principalmente
no mercado publicitário, mas somente produz filmes a cada quatro
ou cinco anos. A Jamaica tem um grande potencial para desenvolver
uma indústria local de cinema. Tem uma belíssima paisagem
e infraestrutura, diz esse inglês de Nottingham que cresceu
em uma vizinhança onde predominavam os descendentes de jamaicanos
e que, segundo o jornal, aprendeu muito sobre a ilha desde sua primeira
visita, em 1984. Mas o mercado jamaicano, mesmo o caribenho,
é muito pequenos e o produtor tem que ter como objetivo levar
o filme para as platéias de outros lugares, principalmente
Estados Unidos e Europa, se quiser que haja algum lucro. Na prática
isso quer dizer que os diretores adorariam manter o patois, o dialeto
jamaicano, como língua principal nos filmes, mas como a maioria
dos espectadores estrangeiros não o entende, temos que usar
legendas. Isso não é problema no mercado europeu ou
em outros lugares, mas o público americano odeia legendas e
isso é um grande problema. Elgood faz questão
de fazer seus filmes com equipe e atores jamaicanos, para que o dinheiro
fique no mercado local. O cinema jamaicano já produziu bons
filmes, como The Harder They Come, Countryman,
entre outros e merece ter sua história contada. Em breve teremos
um painel abrangente da cinematografia da ilha do reggae aqui no Massive.
A
reação da opinião pública mundial contra
as letras homofóbicas veiculadas por alguns artistas jamaicanos
atingiu o auge em termos de repercussão na Jamaica, com o anúncio
feito por algumas das principais empresas da ilha, onde elas ameaçam
suspender o patrocínio a eventos musicais se os artistas continuarem
a gravar tais músicas. O jornal Jamaica
Gleaner constatou que protestos liderados por organizações
de defesa dos direitos dos homossexuais vêm promovendo intensa
campanha contra artistas como Beenie Man e Elephant Man (foto), que
em algumas letras veiculam mensagens violentas contra os gays. Shows
de vários artistas vêm sendo cancelados na Inglaterra
e nos Estados Unidos por conta dos protestos de organizações
como a inglesa Outrage. Os
artistas jamaicanos alegam que as tais letras são ditas em
sentido figurado e expressariam sua desaprovação aos
homossexuais, mas que não pediriam realmente a sua morte. Para
eles seria uma questão de choque cultural, de letras tiradas
do contexto onde foram produzidas e onde seriam aprovadas por parte
da população. No entanto, rebatem seus críticos,
mesmo que isso seja verdade elas podem ser interpretadas ao pé
da letra e incentivar algumas pessoas a agir de modo violento, o que
não pode ser ignorado em tempos de cultura globalizada. A música
jamaicana sempre foi conhecida por passar mensagens positivas e conscientes
em suas letras e com isso tais faixas contradizem explicitamente tudo
o que artistas como Marley e Tosh pregaram. Além disso, e foi
certamente este fator que estimulou a reação das empresas
jamaicanas, tais mensagens de ódio estariam fazendo a música
da ilha perder parte de seu público internacional justamente
quando resgata um pouco da popularidade, graças ao sucesso
de artistas como Sean Paul e Shaggy, mesmo que numa forma musical
diluída. O caso culminou no anúncio conjunto de companhias
como Cable and Wireless Jamaica Ltd., Courts Jamaica Ltd., Digicel
Jamaica, Red Stripe e Pepsi-Cola Jamaica. Tais empresas estão
elaborando uma espécie de código de conduta que vai
estabelecer critérios para a cessão de patrocínio,
entre eles o de "interromper qualquer parceria com
eventos que incluam artistas que continuem a incitar a violência
através de suas letras ou de sua performance". Já
o empresário de Sean Paul sugeriu a via contrária, isto
é, que a companhias premiassem os artistas que divulgassem
mensagens positivas em suas músicas. Enquanto isso, Beenie
Man veio a público para pedir desculpas a "todos os que
podem ter sido ofendidos, ameaçados ou magoados por minhas
músicas". Já Barbara Blake-Hanna, jornalista que
cobre a cena musical da ilha, pede que artistas como Luciano, Tony
Rebel, entre outros, que continuam a tradição do reggae
com suas letras positivas, também ganhem atenção
e que esta não seja voltada apenas para este tipo de música
mais agressiva. É uma controvérsia que ainda vai gerar
muito debate e que será acompanhada neste site.
Depois
de Zimbabwe, Nigéria, Costa do Marfim, Malawi e África
do Sul, entre outros, o Quênia é o mais novo país
africano a consagrar o reggae como um gênero popular.
O suplemento semanal Pulse, do jornal queniano East African Standard,
constatou, em uma de suas últimas edições, que
o país é hoje parte da rota de alguns dos mais populares
artistas de reggae da atualidade, como Sean Paul, Wayne Wonder, Maxi
Priest, Lucky Dube, Gregory Isaacs, Shaggy, entre outros que se apresentaram
em Nairobi, capital desta nação do leste da África.
Os programas de rádio dedicados à música de origem
jamaicana se multiplicam, assim como os representantes locais, bandas
como King Lion Sounds, JahMbo, Black Supremacy e Shashamane
Crew. Djs como Ras Luigi atribuem o recente sucesso às ondas
do rádio, que começaram a divulgar o reggae pelas músicas
mais conhecidas e que depois fizeram com que o público ganhasse
um conhecimento mais aprofundado do ritmo, passando a apreciar subgêneros
como o dancehall e o lovers rock. Já Daddy Freddy, da banda
Shashamane International acredita que o reggae passou a ser apreciado
pela sua longevidade, pois foi amadurecendo ao longo dos anos e tratando
de diversos temas do cotidiano, em uma língua, o inglês
(mesmo que muitas vezes no dialeto patois), falada por boa parte da
população queniana (além do swahili), o que facilitou
a compreensão da mensagem das músicas. Recentes distúrbios
causados pelo excesso de público em alguns shows de reggae
não abalaram a popularidade do gênero, que cresce cada
vez mais nesse importante país africano, berço de grandes
líderes como Jomo Kenyatta, também chamado de Burning
Spear (Lança Flamejante), que inspirou o nome do conhecido
artista jamaicano.
Complicações
cardíacas levam para Zion Clement Seymour Dodd, mais conhecido
como "Sir Coxsonne" Dodd, que foi o produtor pioneiro, responsável
maior pelo desenvolvimento da música jamaicana,
da época do ska até o advento do reggae e seus desdobramentos.Segundo
o jornal Jamaica Observer, Dodd sofreu um ataque cardíaco no
Studio One por volta das quatro da tarde do dia 4 de maio. Bunny Brown,
antigo líder do grupo Chosen Few conta que tentei revivê-lo
e Jennifer Lara tentou fazer respiração boca-a-boca
nele, para ressuscitá-lo. Pareceu que ele estava revivendo,
mas então seus olhos reviraram. Ele foi encaminhado `as
pressas para um hospital, mas logo que chegou foi declarado seu falecimento.
Dodd havia completado 72 anos em janeiro (ver biografia),
e, segundo sua esposa Norma, nunca havia apresentado problemas no
coração. Na última sexta-feira Coxsonne participou
de sua última aparição pública, na cerimônia
onde foi oficializada a mudança do nome da rua Brentford, onde
se localiza seu famoso estúdio, para Studio One Boulevard.

Houve
uma grande festa em frente ao Studio One e algumas pessoas comentaram
mais tarde que ele não estava muito comunicativo, apesar da
homenagem. O centenário jornal Jamaica Gleaner chamou-o de
gigante pioneiro e reproduziu as palavras de Aloun N'dombet
Assamba, ministro da Indústria e Turismo da Jamaica: 'Sir
Coxsone', como ele era conhecido de todos, foi certamente o pai do
entretenimento popular na Jamaica. Por décadas, o desenvolvimento
da música jamaicana moderna e a prospecção de
novos talentos foram sustentados sobre seus ombros e ele deu o máximo
de si para nutrir uma indústria que tornou-se hoje uma poderosa
força internacional.
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