IMPRENSA REGGAE

Leo Vidigal

Resumo de artigos e notícias compiladas em jornais, sites e webzines que cobrem o universo do reggae, acrescidos de comentários do site

 
Indice
 

comunidade rastafari de Shashamane, na província de Shoa, Etiópia (indicada pela marca vermelha no mapa acima), ainda resiste apesar de todos os problemas enfrentados em 55 anos de história. É o que foi constatado por Paul Salopek, repórter do jornal americano Chicago Tribune, que esteve na famosa comunidade, considerada como a Jerusalém rasta. O antigo imperador Haile Selassie I, tido como Deus vivo por alguns rastas e como uma encarnação de Jesus Cristo por outros, cedeu a 12 pioneiros jamaicanos, em 1952, cinco mil metros quadrados de terra na cidade de Shashamane, há 250 quilômetros da capital, Addis-Abeba. Essa doação foi feita em agradecimento aos líderes negros dos Estados Unidos e do Caribe que levantaram fundos para que Selassie pudesse rearmar seu exército e retornar ao trono da Etiópia. O país havia sido tomado pelos italianos em 1941 (que já haviam perdido a batalha de Adowa para os etíopes na primeira tentativa de conquista em 1896) e foi recuperada, com a ajuda dos donativos e dos soldados ingleses, antes do final da Segunda Guerra Mundial. Mas a facção militar de inspiração soviética que tomou o poder em 1974, acusada de ter assassinado Selassie no ano seguinte, confiscou toda a terra, deixando os colonos à míngua, o que foi atenuado um ano depois, com a cessão do espaço ocupado por suas casas.

A comunidade (foto acima) resistiu a essa crise e também ao período de seca e fome que assolou o país nos anos 1980. Hoje conta com mais de 200 integrantes, a maioria crianças e jovens, nascidos na Etiópia. Entre os adultos a composição é eclética. Embora a maioria seja natural da Jamaica, a comunidade conta ainda com nativos de outras ilhas do Caribe, da Inglaterra e dos Estados Unidos. Alguns trabalham no comércio local, com pousadas e mercearias. Hoje as coisas estão melhores também porque a comunidade conta com o apoio de artistas jamaicanos como Rita Marley, que financiou uma escola e um posto de saúde em Shashamane. O lugar também é visitado por turistas, principalmente na festa que realizam por ocasião do aniversário de Haile Selassie I, em 23 de julho.


Desmond Martin mostra foto de Bob Marley, que esteve na Etiópia em 1979, com os rastas da comunidade, Martin é o quarto da direita para a esquerda (foto Paul Salopek)

Desmond Martin (foto acima), um jamaicano que chegou em Shashamane nos anos 1970, acha que a Etiópia será sempre uma terra sagrada, mas que eles “não são considerados como parte deste lugar”. Os nativos etíopes se dividem sobre eles, acham que são pessoas bem intencionadas, mas não aprovam o uso da ganja, porque, segundo o professor Taye Kebede , “eles estão criando um mercado para a maconha, fazendo com que os fazendeiros parem de cultivar batata”. A erva sagrada dos rastas e fatores políticos estão dificultando a obtenção da cidadania etíope pelos colonos, algo que reinvindicam há cinquenta anos sem sucesso. Mas eles continuam lutando, como ratifica Earl "Chips" Sobers, um rasta de 44 anos, natural de Trinidad e Tobago, que se radicou lá em 2002: “Algumas pessoas vieram para cá esperando encontrar o Paraíso. Não é. Esse é o país do leão. Você tem que ser um leão para viver aqui”.

 

As revistas européias de reggae estão em clima de balanço, com muitas matérias históricas de peso, como a que celebra os 30 anos da gravadora inglesa Greensleaves, outra que faz uma retrospectiva da carreira do compositor, tecladista e produtor Augustus Pablo (na francesa Natty Dread), além dos 30 anos de carreira de King Jammy (na alemã Riddim), entre outras. Nessa seção será feito um balanço da Massive Reggae sobre as principais publicações da imprensa reggae do Velho Continente, começando pela revista germânica (com edição em inglês) Riddim.
Ela traz matéria de capa com o singer Richie Spice, irmão de Pliers e Spanner Banner, mas o artigo sobre King Jammy salta aos olhos, principalmente quando sabemos da dificuldade de se conseguir uma entrevista com o veterano produtor. Lloyd “King Jammys” James é tido como o principal responsável pela “Revolução Digital” (embora não tenha sido o primeiro a gravar com os sintetizadores predominando), que é o nome de um DVD que acabou de ser lançado pela VP Records sobre ele. As imagens e sons do DVD mostram um pouco de seu trabalho no estúdio e nos sound-systems, fazendo parte de um pacote que inclui também quatro CDs duplos com o nome de “Selector’s Choice”, que passam em revista toda a trajetória do estúdio Jammy’s. “Eu sei pela minha experiência que tocar discos num dancehall naquela época [meados dos anos 1980] era tocar Jammys na maior parte do tempo” contou para a revista Johnny Wonder, selector e atual diretor artístico (A&R) da VP, que completa “você chegava na loja, via aquele selo azul e branco no disco e já dizia, ‘me dá esse’. Nem se tocava do que era. (...) É inacreditável o naipe de artistas que ele produziu, (...) em um minuto ele estava gravando velhos cantores como Dennis Brown e em outro estava no estúdio com novatos como Major Worries. Mesmo aqueles que nunca foram reconhecidos fizeram coisas boas com ele”. A matéria traz boas fotos de Beth Lesser e é um bom complemento para o bem-cuidado livro escrito por ela sobre o produtor.

Ela conta a história da sua entrada no meio musical através do incentivo de King Tubby e Yabby You, além de suas primeiras gravações com a formação original do Black Uhuru, Half Pint, Junior Reid e outros ‘brethen’ do gueto barra-pesada de Waterhouse, onde cresceu. A matéria continua, passando pelos álbuns de dub-clash entre o então Prince Jammy e Scientist, até a consagração definitiva com o riddim “Sleng Teng” (cuja história foi abordada em nota abaixo sobre os vinte anos da sua gravação). Mais tarde ele voltaria a fazer barulho com novos artistas, como Bounty Killer, mas a proliferação de estúdios e artistas (um “efeito colateral” do modo de produção enxuto e digitalizado que o próprio Jammys popularizou) nunca mais permitiu que um só produtor exercesse o domínio que Jammys conseguiu sobre a cena jamaicana entre 1985 e 1987. Naquele tempo ele tinha na mão os DJs de ponta, como Admiral Bailey, Josey Wales e Tiger, além de cantores do naipe de Johnny Osbourne e Pinchers, todos com grande vendagem, e ainda os que logo iriam estourar (com outros produtores), como Shabba Ranks. Apesar de não morarem mais lá, Jammys e seus filhos continuam trabalhando no mesmo barraco em Waterhouse e mesmo tendo instalado mais dois estúdios no lugar, com equipamentos mais modernos, continuam gravando no antigo quarto que foi transformado há mais de vinte anos em uma verdadeira usina de hits.


A equipe de Jammys (o último à direita) em 1987, no auge do estúdio: artesanato digital (foto: Beth Lesser)

Jammys explica: “no quarto de cima é onde fazemos o trabalho técnico, mas o estúdio de baixo ainda tem a vibração roots, entende o que digo? Tem aquele som original lá, então ainda o usamos para novos projetos. É um lugar histórico, então temos que manter a coisa acontecendo, sabe? Hoje temos Pro Tools em todos os nossos estúdios, mas trabalhamos ainda no analógico, é o que nos dá esse som especial”. Ele coloca em detalhe um pouco do seu processo de trabalho: “você tem que conhecer bem o tipo de artista que está gravando e o tipo de música que ele deveria estar cantando. Você tem que escolher as canções que o artista traz, estar preparado para recusar algumas que não se encaixam, porque tem que haver um equilíbrio que reflita o som em que eles são melhores. Às vezes temos que dizer a eles para comporem mais músicas para fazer um bom álbum. Alguns artistas chegam aqui sem saber de nada (...), deixam tudo para os músicos, mas não é nada disso. Aqui não ficamos sentados esperando que eles façam tudo, participamos da coisa toda, fazemos arranjos das canções jogando uma certa linha de baixo, escolhemos as faixas que vão entrar no álbum, porque tudo deve sair bem feito. (...) A maior parte do tempo temos alguém que escreve no estúdio, alguém que possa mudar um verso ou colocar mais uma linha ou duas para completar a letra. É o tipo de coisa que caras como Mikey Bennett costumavam fazer para nós”.

Mas Jammy também se preocupa com o seu legado: “ainda usamos alguns dos velhos riddims que gravei primeiro, do final dos anos 70 e início dos 80, do tempo do Channel One. Apenas colocamos alguns overdubs novos, mas essencialmente é aquele mesmo som, voltando diretamente pra você!”, se entusiasma, para então completar: “você nunca diria que alguns desses riddims datam de trinta anos atrás. Estamos planejando trazer de volta muitas dessas produções antigas de gente como Sugar Minott e Black Uhuru também, mas em diferentes etapas. Vamos acabar reeditando tudo isso, junto com algumas faixas que gravamos nos anos 70, mas que não foram lançadas. A qualidade das fitas não é problema, porque começamos a transferir todas as nossas faixas [para mídia digital] há muito tempo, estamos quase completando o processo, mas isso demanda muito trabalho, tenho que dizer. Muito trabalho! Porque algumas das fitas são tão antigas que é preciso esquentá-las um pouco, por isso temos que ter muito cuidado e atenção para conseguir que elas soem perfeitamente”.

Com quase 60 anos, reconhecido em seu meio como um artífice da produção musical, agraciado com a “Medalha de Excelência” pelo governo jamaicano, Jammys só não conseguiu concretizar uma ambição, que é a de fazer os vocais de suas próprias produções, como o seu antigo rival, Black Scorpio. Mas ao que tudo indica, ele já está cuidando dessa lacuna. Segundo a revista Riddim, o DVD “Digital Revolution” traz um clash entre ele e Scorpio em um dancehall, além de tributos a Jammys da parte de Shabba Ranks, Johnny Osbourne, Cocoa Tea, Pinchers, entre outros.
Outras matérias serão resenhadas em breve aqui ou na coluna Observatório do Reggae.

Festival Reggae Sunsplash está de volta. Produzido de 1978 a 1997,   marcou a história da música jamaicana com show memoráveis das maiores estrelas do gênero, como Bob Marley, Peter Tosh, Jacob Miller , Dennis Brown e Gregory Isaacs. Também marcou a transição do reggae para o dancehall, com a ascensão de Yellowman em 1982 e o estabelecimento da Dancehall Night como a noite mais concorrida do festival. As grandes turnês dos músicos jamaicanos pelo mundo foram primeiramente testadas pelos organizadores do Sunsplash. Atolado em dívidas e sofrendo a concorrência de outros festivais, como o Reggae Sumfest,   parecia ter acabado em 1997. Agora um grupo de antigos integrantes da produtora Synergy, responsável pelo festival, anabolizado por investimentos maciços da companhia de telefonia celular da ilha, está programando para agosto deste ano a ressurreição do Reggae Sunsplash. De acordo com o comitê organizador ele será nos moldes tradicionais, isto é, composto por quatro noites com shows até de manhã, que serão abertas pela Dancehall Night na quinta-feira,   dia 3 de agosto, seguida pela Worldbeat Night na sexta, 4, pela International Night no sábado, 5 e pela Singers' Night no domingo, 6 de agosto. O line up ainda não está fechado. O festival vai acontecer à beira-mar em um lugar chamado Richmond Estate , no condado de St. Ann, onde ficam as famosas cachoeiras do rio Dunn e o túmulo de Bob Marley, além de alguns dos principais hotéis da ilha.

O jornal Jamaica Gleaner repercutiu a volta do festival contando um pouco de sua história e entrevistando Don Green, um dos principais integrantes da Synergy, que ficou de fora da nova organização. Ele deu um depoimento amargo para o jornal, afirmando que o novos organizadores "não têm a vontade, o conhecimento e a visão" para produzir o festival e que estão "tentando viver da nossa reputação, do nosso pioneirismo e do nosso trabalho duro". Ele se ressente pelo fato dos hotéis terem começado a cobrar taxas de alta estação para o festival, mesmo depois do Sunsplash ter possibilitado aos hotéis uma nova estação de turismo em julho e agosto, pois até o surgimento do festival a alta estação só acontecia no final do ano, dizendo que "todos na Jamaica se beneficiaram, as companhias aéreas, os hotéis, o homem da rua, todos". Mesmo assim os bancos da ilha nunca deram qualquer desconto nos empréstimos feitos e a falta de vontade do governo, além de outros fatores, teriam contribuído para o fim da primeira versao do Sunsplash. Green hoje é professor de marketing em uma universidade de Nova York, mas planeja voltar a trabalhar na Jamaica.

Apesar dos riddims eletrônicos predominarem, ainda há espaço para as bandas da apoio, como a We The People, que está completando 30 anos de carreira, liderada pelo veterano Lloyd Parkes (foto acima). As apresentações da banda, que mudou apenas um integrante de sua formação original durante todo este tempo, podem ser vistas em inúmeras fitas e shows de reggae. Parkes, que toca baixo, mas também melodica (gaita de teclado popularizada por Augustus Pablo) e guitarra, além de cantar, declarou ao jornal Jamaica Gleaner que o principal é “ser um instrumentista profissional”, o que significa “ser muito disciplinado em termos de tempo, e ensaiar por horas para ter certeza de que pode tocar bem seus intrumentos”. Além disso é preciso “compreender os sentimentos dos outros [da banda], além dos seus próprios. Estude cada um para entender seus hábitos e seus modos para saber o que esperar. Isso vai fazer o show andar suavemente”. Parkes diz que viu poucas bandas aparecerem ultimamente. Já o presidente da Federação Jamaicana de Músicos, Desmond Young, que também é integrante da 809 Band, outra banda famosa pela longevidade, pensa o contrário. Para ele, muitos dos novos artistas montaram suas próprias bandas, fazendo com que os instrumentistas da nova geração tivessem trabalho. Ele acha que as bandas devem ter o pé no chão e não querer brilhar mais do que os artistas que apóiam. Devem também ser pontuais, dedicadas e estar atentas para os detalhes da música, além de cuidar bem dos instrumentos. “As pessoas entram nesse negócio com um sonho em mente e, se ele não dá certo, elas imediatamente jogam tudo fora. Para continuar você tem que amar isso e superar os obstáculos que aparecem no caminho”.

 

King Jammy com os filhos John John, CJ, Jam 2 and Baby G, todos produtores como ele

'Under Mi Sleng Teng', lançado há 20 anos atrás pelo produtor King Jammy e o cantor Wayne Smith, foi um compacto que provocou uma reviravolta nos rumos do reggae, pois a imensa popularidade que conquistou quase intantaneamente fez com que os riddims computadorizados se impusessem como dominantes, o que acontece até os dias de hoje na Jamaica. Tal movimento, lamentado por muitos, mas também saudado por ter permitido o aumento do número de estúdios e a conseqüente democratização da produção, pelo fato de não ser mais necessário o emprego obrigatório de vários instrumentistas, está sendo relembrado e comemorado por uma série de novos lançamentos. Como em toda história de sucesso, esta tem várias versões, mas a mais aceita é que Wayne Smith tenha encontrado o riddim no pequeno sintetizador Casio do tecladista Tony Asher. Depois de terem gastado mais alguns dias para conseguir acessar novamente o riddim que haviam tocado antes (que Peter Dalton afirma ter sido baseado no riff da faixa “Something Else”, de Eddie Cochrane – integrante da primeira geração do rock n’ roll), Asher e Smith ralentaram o ritmo e colocaram a voz. O compacto foi lançado no final de fevereiro de 1985, tornando-se um sucesso tão grande que gerou literalmente centenas de versões, como 'Buddy Bye' de Johnny Osbourne, 'Pumpkin Belly' de Tenor Saw, 'Trash and Ready' de Supercat, 'Call The Police' de John Wayne, entre muitos outros. Para o jornal Jamaica Gleaner, King Jammy contou que “a cena musical de então era mais excitante, porque naquela época estávamos criando coisas. Isso nos deu mais incentivo e alegria para fazer novas coisas. […] Naquela época as pessoas estavam procurando por um novo som. Novas músicas apareceram, mas vieram com o mesmo tipo de instrumentação e coisas assim, mas esse (Sleng Teng) era diferente do resto, por isso pôde cativar o povo. […] Nunca mais precisei de muitos músicos para fazer as coisas. As máquinas cuidavam de tudo. […] O som acústico estava meio que ficando velho, era bom também, mas quando as pessoas começaram a ouvir esse som novo, […] passaram a gravitar ao redor dele”. A partir daí foi início de uma nova era na música jamaicana, que foi revitalizada com a construção de novos estúdios e o aparecimento de uma nova geração de artistas. Para comemorar os vinte anos de Sleng Teng, Jammy está relançando o riddim e prepara um álbum duplo com a faixa original, versões antigas e intepretações novas do riddim fundador da era do dancehall.

 


King Tubby em seu estúdio: história secreta do dub

O jornalista Jeff Stratton, da revista New Times, de Miami, conseguiu garimpar um novo personagem na já diversas vezes contada história do dub: Leslie Ruddock, mais conhecido como Young Tubby, o "irmão esquecido" do famoso e saudoso King Tubby. Segundo um antigo colaborador, Leslie foi o criador de alguns dos efeitos sonoros que se tornaram a marca registrada do dub clássico nas mãos do irmão. Young Tubby emigrou para os Estados Unidos ainda na década de 60 e com melhores recursos tecnológicos à disposição, começou a pesquisar diversos efeitos sonoros. Em uma dessas experiências, usou um reverb Fisher que tinha uma mola de metal que, quando puxada e largada, produzia ecos e outros sons ainda não usados até aquela época no reggae. Ele então gravava os sons que conseguia em fita cassete e mandava para o irmão em Kingston. King Tubby ficou impressionado com o que ouviu e passou a reproduzir os efeitos em seu precário estúdio, com as faixas que mixava e remixava. Dessa forma, um dos principais elementos que compunha o dub clássico foi produto das experiências de Young
Tubby.

Segundo a matéria de Stratton ele nunca tentou ganhar o crédito por isso e sempre tentou ficar na sombra, mas tinha que ganhar o pão, por isso, depois de tentar várias vezes montar um estúdio nos USA, ele conseguiu ter um na Flórida que fez relativo sucesso, mas fechou pouco depois da morte de King Tubby. A matéria também conta pequenos detalhes do assassinato do irmão famoso, que foi no mesmo dia da data oficial do nascimento de Bob Marley, 6 de fevereiro. Tubby saiu de carro do seu estúdio no bairro de Waterhouse a uma da manhã e fez o trajeto de dez minutos até sua casa. Logo que saiu do carro, o assassino (que até hoje não foi encontrado) apareceu, roubou a arma que Tubby carregava e o matou com um tiro.
Leslie Ruddock preza muito sua privacidade e parece ter sido uma luta conseguir arrancar dele tais informações. O autor do artigo conta que estava tentando conversar com ele desde pelo menos o dia de Ação de Graças do ano passado, em novembro, cercando-o através dos filhos e tomando o depoimento de amigos e antigos colaboradores. O filho mais velho, Keith, toca dubplates e usa um laptop sob o nome de Digital K e a filha Michelle, conhecida como Mixette, especializou-se em hip-hop. Logo que Stratton pediu uma foto do "unsung hero" do dub, este cortou qualquer relação com o jornalista, que então publicou o que havia levantado até aquele momento, desvendando mais uma parte da metade da história que não é contada, como dizia Peter Tosh. Que venham mais novidades como essa. Uma biografia de King Tubby feita por este escrevinhador pode ser lida no site Fyadub.

Toots Hibberts foi o vencedor do Grammy 2004 de melhor álbum de reggae, com "True Love". Este trabalho, que já havia sido comentado anteriormente nessa seção (reproduzimos um trecho da nota sobre ele abaixo), concorreu com os álbuns "Black Magic", de Jimmy Cliff; "The Dub Revolutionaries", da dupla Sly & Robbie, produzida pelo dubmaster Mad Professor, "African Holocaust", da banda anglo-jamaicana Steel Pulse e "Def Jamaica", coletânea que reúne astros do dancehall como Buju Banton, Beenie Man e figuras de proa do hip-hop americano, como JayZ e Jungle Brothers. Toots era o único dos indicados que nunca havia ganhado o gramofone (considerando que a coletânea indicada tem a participação de três artistas já laureados: Beenie Man, Sean Paul e Jr. Gong) e tinha sido citado na lista pela quarta vez desde a instituição da categoria, em 1984 (ver lista dos ganhadores abaixo). Sobre a sua premiação, Toots, que se encontrava na Jamaica gravando seu novo trabalho e por isso não pode receber o prêmio, declarou ao jornal Jamaica Gleaner que "estava muito contente só por ter sido indicado" e que "não poderia comemorar agora, pois tinha muito trabalho pela frente". A carreira de Toots confunde-se com a história da música popular jamaicana nas últimas décadas, tendo sido iniciada ainda na época do ska. Por muito tempo ele foi considerado como o inventor da palavra reggae (Toots chegou a se dizer o criador do reggae e batizou um de seus discos de Ska Father), por tê-la usado com uma grafia diferente no título da canção Do the Reggay. Toots hoje admite ter apenas sido um dos que popularizaram a expressão, creditando aos instrumentistas o mérito de terem criado a forma musical que hoje é tocada e ouvida em todo o mundo.

True Love reúne uma miscelânea de artistas de gêneros musicais diferentes, com cada um trazendo um pouco de seu estilo para as releituras dos sucessos dos Toots Hibberts, mas preservando o reggae como ritmo-base. A única música que não foi consagrada na voz de Toots é o zen-country-reggae "Still Is Still Moving to Me", composto por Willie Nelson e cantado em dueto com Toots. Outra estrela da música country, Bonnie Raitt, canta "True Love Is Hard to Find". O álbum parece ter sido dividido em blocos de gêneros, embora eles estejam espalhados, sem obedecer a uma ordem. Assim, existe a parte ska, com Terry Hall (ex-Specials), os decanos do Skatalites (que haviam tocando com Toots pela última vez há trinta anos atrás) e U Roy (que na verdade não chegou a cantar ska), fazendo uma versão cool de "Never Grow Old". Representando a chamada Third Wave (ver Skarcéu), temos o No Doubt voltando `as origens no ska para apresentar uma das faixas mais tocadas pelas bandas do estilo, o clássico "Monkey Man". Bunny Wailer, Ken Boothe e Marcia Griffiths representam o bom e velho reggae roots, com uma passagem pelo rocksteady. Shaggy e Rahzel mostram as caras do dancehall. Eric Clapton, Keith Richards, Jeff Beck, Ryan Adams e Trey Anastasio (guitarrista da banda Phish) fazem as vezes do rock. Finalmente o impagável Bootsy Collins, a banda The Roots e Ben Harper encarnam a porção soul-funk do álbum. A falta de mais astros do reggae e do ska pode decepcionar os fãs mais antigos, mas a idéia por trás destes tributos é justamente buscar um novo público para o artista e revitalizá-lo.

É um disco feito para agradar a aficionados de vários gêneros, por isso é difícil apreciá-lo por inteiro, ainda mais com uma produção um tanto excessiva em alguns momentos, mas vale muito pelas faixas com os veteranos do ska e algumas outras.

A lista de todos os ganhadores do pequeno gramofone dourado segue abaixo:


2006 Love Is My Religion, Ziggy Marley (Tuff Gong)
2005 Welcome to Jamrock, Damian Marley (Tuff Gong)
2004 True Love, Toots Hibbert (BMG)
2003 Dutty Rock, Sean Paul (Atlantic)
2002 Jamaican E.T., Lee "Scratch" Perry (Trojan Records)
2001 Halfway Tree, Damian Marley (Motown Records)
2000 Art and Life, Beenie Man (Virgin Records America)
1999 Calling Rastafari, Burning Spear (Heartbeat Records)
1998 Friends, Sly and Robbie (EastWest Records America/EEG)
1997 Fallen is Babylon, Ziggy Marley and the Melody Makers (Elektra Records/EEG)
1996 Hall of Fame — A Tribute to Bob Marley's 50th Anniversary, Bunny Wailer (RAS Records)
1995 Boombastic, Shaggy (Virgin)
1994 Crucial! Roots Classics, Bunny Wailer (Shanachie)
1993 Bad Boys, Inner Circle (Big Beat/Atlantic)
1992 X-Tra Naked, Shabba Ranks (Epic)
1991 As Raw as Ever, Shabba Ranks (Epic)
1990 Time Will Tell—A Tribute to Bob Marley, Bunny Wailer (Shanachie)
1989 One Bright Day, Ziggy Marley and the Melody Makers (Virgin)
1988 Conscious Party, Ziggy Marley and the Melody Makers (Virgin)
1987 No Nuclear War, Peter Tosh (EMI-America)
1986 Babylon the Bandit, Steel Pulse (Elektra)
1985 Cliff Hanger, Jimmy Cliff (Columbia/CBS)
1984 Anthem, Black Uhuru (Island)

Se não foi desta vez que um álbum de dub levou o Grammy (com o disco "The Dub Revolutionaires", onde Sly & Robbie encontram o aloprado Mad Professor), ele parece estar ganhando cada vez mais adeptos, até mesmo na aparentemente rígida academia britânica, ao menos é o que mostra o projeto Genomic Dub Collective. O grupo, formado por um professor e um aluno do doutorado em genética da Birmingham University, na Inglaterra, lançou no ano passado o álbum "Origin of Species in Dub". Como sugere o título, trata-se da leitura de trechos do livro "A origem das Espécies" de Charles Darwin, sob uma base de dub. A dupla fez a sua primeira apresentação no campus de Birmingham durante as comemorações do "Darwin Day" no dia 12 de fevereiro, data de nascimento do naturalista que mudou os rumos da ciência. Durante o evento, o professor Mark Pallen contou para o site da BBC como teve a idéia de realizar essa inusitada combinação entre dub e ciência de ponta: quando viu o dub poet Benjamin Zephaniah ler poemas contrários à escravidão, feitos pelo avô de Darwin, Erasmus, no "Darwin Day" do ano passado.
– Depois disso, fiquei pensando no que poderia fazer este ano - contou Pallen. Me encontrei com um cientista jamaicano, nos reunimos e pensamos, "por que não fazemos isso dando um passo adiante e realizamos na forma de um reggae?".

Pallen (esquerda) e White (direita): dub genômico

O cientista jamaicano era Dom White, que ficou encarregado de fazer os vocais. Em seu site, onde publicou um manifesto que proclama estar criando um novo gênero musical, o Genomic Dub Collective esclarece que este ainda é composto por "um talentoso programador" e um "psicólogo clínico com extensa experiência como músico e organizador de eventos". Para gerar este novo gênero, o dub genômico, o coletivo pretende "codificar seqüências de dados biológicos no dub", "explorar a interface entre a ciência e a sociedade", "ressaltar as ameaças comuns que ligam os cientistas de hoje e as questões sociais com o passado, com particular ênfase na vida e no trabalho de Erasmus e Charles Darwin, Haile Selassie (Ras Tafari) e seus contemporâneos", "levar a ciência ao grande público e o reggae, a cultura e a história jamaicana para os cientistas", além de objetivos mais prosaicos como "celebrar as conquistas da ciência genômica e a vida e o trabalho dos cientistas engajados na ciência biomédica". O trabalho do coletivo parece estar em consonância com algumas pesquisas com programas de computador, que simulam uma associação de notas musicais aos aminoácidos que compõem o DNA (representados pelas letras G, T, C e A), estrutura que tem a faculdade de se reproduzir, fazendo uma espécie de música genômica auto-gerada.


Benjamin Zephaniah e Mark Pallen (BBC)

As faixas, que podem ser ouvidas no site do grupo (apenas duas na sua totalidade) são bem simples e privilegiam a leitura do livro de Darwin. O instrumental também não se parece com a música genômica que já existe na rede, mas o site do grupo esclarece que iria "enxertar" somente alguns trechos de seqüências de dados biológicos nas músicas. O resultado é um dub curioso, com toques de world music, mas o importante é que parece ser apenas o início de uma frutífera e cada vez menos esdrúxula relação entre música e genômica. É o reggae e o dub abrindo novas fronteiras.

As comemorações dos 60 anos do nascimento de Bob Marley (no Brasil, na foto ao lado) aconteceram em todo mundo, mas a principal celebração este ano não foi na Jamaica, como de costume, mas na Etiópia. O evento 'Africa Unite', que segundo o jornal Jamaica Observer custou um milhão de dólares, foi aberto no dia 6 de fevereiro, data oficial do nascimento de Marley, na capital Addis-Abeba, e deverá durar um mês. Na abertura houve o tradicional show da família Marley, com sua mãe, Cedella, a esposa Rita e seus muitos filhos, além da nora Lauryn Hill. Além disso se apresentaram também a cantora Angelique Kidjo, do Benin, e o etíope Teddy Afro, entre outros artistas. No Brasil a coincidência com o Carnaval impediu manifestações maiores, embora alguns tributos tenham sido realizados. Bob Marley tinha uma ligação especial com o país africano por ter sido governado por Haile Selassie, considerado por alguns rastafaris como Deus encarnado. Rita Marley acendeu uma intensa polêmica na Jamaica por ter dito ser um dos últimos desejos de Bob o de ser enterrado em solo etíope. Enquanto o governo jamaicano garantiu que irá barrar qualquer tentativa de retirar os restos mortais de Marley da Jamaica, rastafaris como Mutabaruka acusam as autoridades de tentarem separar Marley de suas convicções rasta. Segundo o Jamaica Observer, o dub poet jamaicano declarou que "Bob Marley via-se como um rastaman e ele deve ir para a Etiópia". Esta questão será acompanhada pelo Massive e logo teremos novidades. Vejam as fotos do evento na Etiópia no site da Fundação Bob Marley (agradecemos ao amigo Ras Kilungi, de Angola, pela dica das fotos).

 

Rick Elgood (foto), que co-dirigiu o filme “Dancehall Queen” (sobre uma vendedora que se torna popular como dançarina nos bailes jamaicanos) junto com o anglo-jamaicano Don Letts há alguns anos atrás, está em uma missão na ilha do reggae para tentar promover ações que reaqueçam o cinema da Jamaica. Para o jornal Jamaica Observer, ele esclareceu que “meu objetivo é mostrar aos homens de negócios locais que eles podem fazer dinheiro dos filmes jamaicanos. É um bom investimento. Mesmo em termos de publicidade”. Depois do sucesso de “Dancehall Queen”, Rick dirigiu mais 3 filmes, “One Love”, uma história tipo Romeu e Julieta estrelando Kymani Marley e um elenco todo jamaicano, “Backyard Chat”, feito para o mercado de DVD e que deve ser transformar em uma série na Tv a cabo e “Surf Rastas”, contando como o surf tornou-se popular na praia de Port Antonio, também na ilha caribenha. Ele está tentando chamar novamente a atenção de Chris Blackell, que produziu “Dancehall Queen” e “Third World Cop” (dirigido por Chris Browne, sobrinho de Perry Henzell, diretor do clássico “The Harder They Come”), para convencê-lo a voltar a investir em cinema e trazer outros investidores. “Seu interesse tem altos e baixos, mas tenho um roteiro em que ele está de olho”, garante Elgood. A indústria audiovisual jamaicana é a mais avançada do Caribe depois de Cuba, a ilha possui muitas produtoras, que atuam principalmente no mercado publicitário, mas somente produz filmes a cada quatro ou cinco anos. “A Jamaica tem um grande potencial para desenvolver uma indústria local de cinema. Tem uma belíssima paisagem e infraestrutura”, diz esse inglês de Nottingham que cresceu em uma vizinhança onde predominavam os descendentes de jamaicanos e que, segundo o jornal, aprendeu muito sobre a ilha desde sua primeira visita, em 1984. “Mas o mercado jamaicano, mesmo o caribenho, é muito pequenos e o produtor tem que ter como objetivo levar o filme para as platéias de outros lugares, principalmente Estados Unidos e Europa, se quiser que haja algum lucro. Na prática isso quer dizer que os diretores adorariam manter o patois, o dialeto jamaicano, como língua principal nos filmes, mas como a maioria dos espectadores estrangeiros não o entende, temos que usar legendas. Isso não é problema no mercado europeu ou em outros lugares, mas o público americano odeia legendas e isso é um grande problema”. Elgood faz questão de fazer seus filmes com equipe e atores jamaicanos, para que o dinheiro fique no mercado local. O cinema jamaicano já produziu bons filmes, como “The Harder They Come”, “Countryman”, entre outros e merece ter sua história contada. Em breve teremos um painel abrangente da cinematografia da ilha do reggae aqui no Massive.

A reação da opinião pública mundial contra as letras homofóbicas veiculadas por alguns artistas jamaicanos atingiu o auge em termos de repercussão na Jamaica, com o anúncio feito por algumas das principais empresas da ilha, onde elas ameaçam suspender o patrocínio a eventos musicais se os artistas continuarem a gravar tais músicas. O jornal Jamaica Gleaner constatou que protestos liderados por organizações de defesa dos direitos dos homossexuais vêm promovendo intensa campanha contra artistas como Beenie Man e Elephant Man (foto), que em algumas letras veiculam mensagens violentas contra os gays. Shows de vários artistas vêm sendo cancelados na Inglaterra e nos Estados Unidos por conta dos protestos de organizações como a inglesa Outrage. Os artistas jamaicanos alegam que as tais letras são ditas em sentido figurado e expressariam sua desaprovação aos homossexuais, mas que não pediriam realmente a sua morte. Para eles seria uma questão de choque cultural, de letras tiradas do contexto onde foram produzidas e onde seriam aprovadas por parte da população. No entanto, rebatem seus críticos, mesmo que isso seja verdade elas podem ser interpretadas ao pé da letra e incentivar algumas pessoas a agir de modo violento, o que não pode ser ignorado em tempos de cultura globalizada. A música jamaicana sempre foi conhecida por passar mensagens positivas e conscientes em suas letras e com isso tais faixas contradizem explicitamente tudo o que artistas como Marley e Tosh pregaram. Além disso, e foi certamente este fator que estimulou a reação das empresas jamaicanas, tais mensagens de ódio estariam fazendo a música da ilha perder parte de seu público internacional justamente quando resgata um pouco da popularidade, graças ao sucesso de artistas como Sean Paul e Shaggy, mesmo que numa forma musical diluída. O caso culminou no anúncio conjunto de companhias como Cable and Wireless Jamaica Ltd., Courts Jamaica Ltd., Digicel Jamaica, Red Stripe e Pepsi-Cola Jamaica. Tais empresas estão elaborando uma espécie de código de conduta que vai estabelecer critérios para a cessão de patrocínio, entre eles o de "interromper qualquer parceria com eventos que incluam artistas que continuem a incitar a violência através de suas letras ou de sua performance". Já o empresário de Sean Paul sugeriu a via contrária, isto é, que a companhias premiassem os artistas que divulgassem mensagens positivas em suas músicas. Enquanto isso, Beenie Man veio a público para pedir desculpas a "todos os que podem ter sido ofendidos, ameaçados ou magoados por minhas músicas". Já Barbara Blake-Hanna, jornalista que cobre a cena musical da ilha, pede que artistas como Luciano, Tony Rebel, entre outros, que continuam a tradição do reggae com suas letras positivas, também ganhem atenção e que esta não seja voltada apenas para este tipo de música mais agressiva. É uma controvérsia que ainda vai gerar muito debate e que será acompanhada neste site.

Depois de Zimbabwe, Nigéria, Costa do Marfim, Malawi e África do Sul, entre outros, o Quênia é o mais novo país africano a consagrar o reggae como um gênero popular. O suplemento semanal Pulse, do jornal queniano East African Standard, constatou, em uma de suas últimas edições, que o país é hoje parte da rota de alguns dos mais populares artistas de reggae da atualidade, como Sean Paul, Wayne Wonder, Maxi Priest, Lucky Dube, Gregory Isaacs, Shaggy, entre outros que se apresentaram em Nairobi, capital desta nação do leste da África. Os programas de rádio dedicados à música de origem jamaicana se multiplicam, assim como os representantes locais, bandas como King Lion Sounds, Jah’Mbo, Black Supremacy e Shashamane Crew. Djs como Ras Luigi atribuem o recente sucesso às ondas do rádio, que começaram a divulgar o reggae pelas músicas mais conhecidas e que depois fizeram com que o público ganhasse um conhecimento mais aprofundado do ritmo, passando a apreciar subgêneros como o dancehall e o lovers rock. Já Daddy Freddy, da banda Shashamane International acredita que o reggae passou a ser apreciado pela sua longevidade, pois foi amadurecendo ao longo dos anos e tratando de diversos temas do cotidiano, em uma língua, o inglês (mesmo que muitas vezes no dialeto patois), falada por boa parte da população queniana (além do swahili), o que facilitou a compreensão da mensagem das músicas. Recentes distúrbios causados pelo excesso de público em alguns shows de reggae não abalaram a popularidade do gênero, que cresce cada vez mais nesse importante país africano, berço de grandes líderes como Jomo Kenyatta, também chamado de Burning Spear (Lança Flamejante), que inspirou o nome do conhecido artista jamaicano.

Complicações cardíacas levam para Zion Clement Seymour Dodd, mais conhecido como "Sir Coxsonne" Dodd, que foi o produtor pioneiro, responsável maior pelo desenvolvimento da música jamaicana, da época do ska até o advento do reggae e seus desdobramentos.Segundo o jornal Jamaica Observer, Dodd sofreu um ataque cardíaco no Studio One por volta das quatro da tarde do dia 4 de maio. Bunny Brown, antigo líder do grupo Chosen Few conta que “tentei revivê-lo e Jennifer Lara tentou fazer respiração boca-a-boca nele, para ressuscitá-lo. Pareceu que ele estava revivendo, mas então seus olhos reviraram”. Ele foi encaminhado `as pressas para um hospital, mas logo que chegou foi declarado seu falecimento.
Dodd havia completado 72 anos em janeiro (ver biografia), e, segundo sua esposa Norma, nunca havia apresentado problemas no coração. Na última sexta-feira Coxsonne participou de sua última aparição pública, na cerimônia onde foi oficializada a mudança do nome da rua Brentford, onde se localiza seu famoso estúdio, para Studio One Boulevard.

Houve uma grande festa em frente ao Studio One e algumas pessoas comentaram mais tarde que ele não estava muito comunicativo, apesar da homenagem. O centenário jornal Jamaica Gleaner chamou-o de “gigante pioneiro” e reproduziu as palavras de Aloun N'dombet Assamba, ministro da Indústria e Turismo da Jamaica: “'Sir Coxsone', como ele era conhecido de todos, foi certamente o pai do entretenimento popular na Jamaica. Por décadas, o desenvolvimento da música jamaicana moderna e a prospecção de novos talentos foram sustentados sobre seus ombros e ele deu o máximo de si para nutrir uma indústria que tornou-se hoje uma poderosa força internacional”.

 

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