Mauro França
Leo Vidigal

WAILING SOULS - EQUALITY (Dubas Music)
Os Wailing Souls formam um dos bons grupos vocais que emergiram na Jamaica nos anos de 1970 e gravaram álbuns memoráveis nesta época, como "Kingston 12". Na década passada enveredaram pelos caminhos do pop reggae, o que desagradou boa parte dos antigos fãs, que esperavam a continuidade do trabalho anterior. Porém não se pode negar que eles deixaram pelo menos um bom trabalho neste estilo, que foi "All over the World", trazendo os sucessos "She pleases Me" e "Picky Picky Head". Agora saiu no Brasil o último trabalho da dupla composta por Winston "Pipe" Matthews e Lloyd "Bread" McDonald: o ótimo álbum "Equality". As bases instrumentais, comandadas pela dupla Sly & Robbie lembram a levada que consagrou os "rhythm killers" quando a dupla tocava com o Black Uhuru, embora o trabalho atual não apresente as experimentações sonoras que davam um toque especial àquela inesquecível formação. No entanto é um reggae com uma pegada firme e letras conscientes que está se impondo como um novo estilo que continua a nos mostrar a mensagem consciente sem abdicar da tecnologia na elaboração musical, estilo que pode ser chamado de roots moderno. (LV)
Importados

THE LEGENDARY SKATALITE IN DUB - THE SKATALITES MEETS KING TUBBY (Motion)
Talvez o relançamento mais importante na área da dub music neste ano, este álbum traz alguns dos melhores instrumentistas jamaicanos gravando sob a supervisão de Lee Perry e remixados pelo pai do dub, King Tubby. Precisa dizer mais? Bem, anunciar este grupo de músicos como os Skatalites talvez não seja adequado, já que aqui eles não tocam ska, mas reggae instrumental de primeira. No entanto foi assim que este raríssimo trabalho foi apresentado quando de seu lançamento original, em 1975, então não há como questionar o seu nome. Naquela época os Skatalites já haviam encerrado a sua primeira formação há dez anos e trabalhavam separadamente como músicos de estúdio em Kingston. Só voltariam como uma banda exclusivamente devotada ao ska em 1984, mas isso é outra história.
As seções que originaram este álbum foram gravadas em parte no estúdio de Lee Perry, o lendário Black Ark, e foram uma iniciativa do contrabaixista Lloyd Brevett (isso porque ele sempre fez questão de tocar apenas no contrabaixo acústico que seu próprio pai construiu para ele). Este teve a idéia de construir riddims baseados no toque dos tambores que ele costumava ouvir nas cerimônias das comunidades rasta de Wareika Hills e Bull Bay. O som dos tambores ficou sob a responsabilidade de Ras Michael e outros componentes da banda Sons of Negus. Sobre o ritmo providenciado por tais feras, Brevett chamou seus antigos companheiros dos Skatalites, Tommy McCook, Roland Alphonso, Johnny "Dizzy" Moore e Vin Gordon para comporem os metais, os guitarristas Earl "Chinna" Smith e Ernest Ranglin, Augustus Pablo para os teclados e ainda contou com os bateristas Benbow Creary e Leroy "Horsemouth" Wallace. A única faixa em que foi providenciado um vocal por toda a sua extensão foi "Starlight", cantada pelo sobrinho de Lloyd, Tony Brevett. Todas as outras permaneceram como instrumentais, sendo um dos primeiros exemplos do conceito do álbum de dub, que mais tarde seria um artigo comum a sair dos estúdios da Jamaica. O CD que está sendo lançado é uma seleção das faixas gravadas por este grupo, que saíram originalmente em álbuns e compactos que somente agora foram transferidos para a mídia digital.
Enfim, é um verdadeiro "dream team" do roots reggae, que produziu uma obra-prima mixada com maestria por King Tubby, mostrando as técnicas do dub que este estava começando a desenvolver e que mais tarde iriam influenciar decisivamente a música popular mundial, antecipando as experimentações sonoras do Trip Hop, do Drum n Bass e da música eletrônica em geral, sem falar no novo movimento do dub que está acontecendo na Inglaterra, assunto da próxima resenha. Adquira o álbum através do site www.motionrecords.com . (LV)
ROOTS OF DUB FUNK (Tanty)
Dub Funk Association é um sound-system inglês composto por um coletivo de músicos, Djs e admiradores do dub que integra a nova geração de produtores ingleses, responsável por trazer sangue novo a este estilo do reggae que foi praticamente abandonado em sua ilha natal. Em comum os representantes desta nova leva produzem faixas originalmente concebidas como instrumentais (e não remixagens de faixas vocais como eram a maioria dos dubs jamaicanos) e possuem uma abordagem menos tradicional, utilizando sem medo os mais variados efeitos sonoros e muitas vezes tornando tênues os limites entre o dub e a música eletrônica (que deve muito às experiências que originaram o dub).
Este álbum é uma coletânea organizado pelo DFA com produtores ingleses, holandeses e australianos, apresentando o que há de melhor do dub moderno. Os destaques vão para o australiano The Technician e os veteranos do grupo Alpha e Omega. Vale a pena adquirir e ficar antenado com o que está sendo produzido agora nos "laboratórios secretos" do som. No site da Tanty Records este e outros exemplares podem ser ouvidos e encomendados. (LV)
Veja também:
Leia sobre os lançamentos do reggae brasileiro na seção Reggae Brasil.
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