
Vista do local onde repousaPeter Tosh, perto de onde ele nasceu, no condado de Westmoreland, naJamaica (foto HIM)
Um ano mais tarde o mistério serevelaParte II: O Massacre
Por ICA
Aqui continua a nossa série de fatos que esclarecem a morte do homem místico, PETER TOSH. Os fatos aqui apresentados são baseados nos depoimentos feitos por Michael Robinson e outras vítimas da noite de horror na casa de Peter em 11 de setembro de 1987, associados aos depoimentos de outras testemunhas. Na última edição, nós narramos os fatos que culminaram até o dia do massacre, quando os três pistoleiros, Dennis 'Leppo' Lobban e outros dois, apontavam suas armas para a cabeça de Michael. Dennis Lobban invadiu a sala com sua arma engatilhada... Peter, Marlene Brown, Wilton 'Doc' Brown e Carlton ‘Santa' Davis estavam sentados no sofá, assistindo TV.
Santa tinha vindo visitar Peter naquele dia quando soube que o Papa estava em Miami e sua missa havia sido interrompida por raios e trovões. 'Peter man, você soube o que aconteceu em Miami? O Papa estava dando a missa, quando estourou uma tempestade e eles não puderam continuar!!!' 'É , eu ouvi aquilo, esta é a força do Todo Poderoso. Vocês ouviram exatamente o que Santa falou sobre o Papa? JAH cuspiu fora', disse Peter aos outros. Eles riram e deram graças. Lobban parou em frente à sala, 'Todo mundo de barriga para baixo! No chão!!! Ninguém se moveu. Parecia que alguém tinha saído da tela da TV - como se um personagem de 'Miami Vice' ganhasse vida - eles simplesmente não podiam acreditar que aquilo fosse real. 'Todo mundo de barriga no chão! Todo mundo deitado! Isto é um assalto!!! 'Com isto, cada um (com exceção de Marlene) se deitou perto de seus lugares, nariz no chão, percebendo finalmente o que estava acontecendo.
Michael Robinson caminhou para trás e se deitou perto de Peter. Dennis Lobban parou em frente à porta e os outros pistoleiros se posicionaram ao seu redor.Lobban perguntou a Peter 'Onde está o dinheiro que você tem na casa?' Marlene respondeu: 'Nós não temos nenhum dinheiro. Você não viu que seu irmão Handsome veio aqui há pouco tempo e não lhe demos dinheiro? Dissemos a ele que voltasse aqui na segunda-feira.' Leppo virou-se para Marlene e disse: 'Você, você é a causa disto, Marlene. Você esta enfeitiçando o dread para que o homem do gueto não consiga mais dinheiro! Você morre esta noite!'. Lobban ordenou a Marlene: 'Vá se deitar no chão!', mas Marlene não conseguia, então agachou-se perto de sua cadeira. Leppo continuava atrás do dinheiro: 'Onde está o dinheiro que vocês têm na casa?', e o pistoleiro mais alto falou a todos: 'Todo mundo de pé, levantem-se, um a um'.
Eles começaram a revistar a todos, arrancando dinheiro dos bolsos de cada um e também as jóias. Quando pegaram Santa, um deles disse: 'Você, dread, você tem algum dinheiro? 'Sim, eu tenho J$ 200'. Isto os enfureceu: 'Então, por que não os carrega consigo?', e as ameaças começaram. Michael Robinson foi o único que não foi revistado. Lobban não podia revistá-lo. Ele o conhecia há muitos anos e no começo daquela semana eles haviam fumado o mesmo baseado. Foi ele quem abriu a porta da casa, era como se Lobban não conseguisse abordá-lo.
Todo mundo se deitou novamente e o interrogatório recomeçou. O mais alto voltou-se para Peter e disse: 'Você, dread, levante-se!' Ele começou a revistar Peter, arrebentando as correntes de seu pescoço e tirando o resto de suas jóias. Então, tentou golpear Peter com um chute e um soco, mas Peter o impediu, sendo um profissional de artes marciais. Foi então que o sujeito perdeu o equilíbrio e despencou-se em cima da mesa, caindo no chão. Neste momento, bateram ao portão, mas ninguém ouviu. O altão olhou duro para Peter: 'Você, dread, você morre esta noite! Você morre por este gesto esta noite! Deite-se no chão!' Leppo então o preveniu: 'Cuidado com o dread, ele é um expert em karatê'. E fizeram Peter se deitar novamente.
O homem alto foi até a cozinha e apanhou um machado que Peter usava para quebrar nozes para suas geléias. Virou-se para Peter e disse: 'Vê isto, é um machado, você sabe. Nós podemos cortar fora a sua cabeça esta noite sem nenhum barulho, nenhum tiro!' Ele abaixou-se até Peter e disse que iria arrancar sua cabeça se ele não contasse onde estava o 'maldito dinheiro'. Então Marlene pulou na frente de Peter, que estava estendido no chão, enquanto o estranho ameaçava seu marido com a pistola numa mão e o machado na outra. Ela começou a gritar: 'Você não pode fazer isto! Você não pode fazer isto!', tentando usar seu corpo para proteger Peter. O homem a puxou, apertando sua cabeça com o lado liso do machado, espancando-a até o chão, fazendo com que ela voltasse ao lugar onde estava.
Bateram ao portão novamente. Marlene disse: 'Deve ser Free-I. Faça-o ir embora, ele é nosso amigo! 'Aquilo deixou os pistoleiros paranóicos. E eles começaram a se preocupar sobre quem estava ao portão. Todo mundo começava a imaginar o que ia acontecer. Aqueles homens estavam na casa há vinte minutos e as coisas ainda não tinham sido resolvidas. O altão escondeu sua pistola na cintura e foi atender a porta. No portão, Joy Dixon sentiu que havia algo errado. Ela e seu marido Jeff haviam sido convidados para ir ali naquela noite e estranharam o silêncio dos amigos. Ela tinha escutado a queda do pistoleiro e vozes fortes como se alguém estivesse discutindo lá em cima. Então disse ao marido: 'Venha Free-I, vamos sair e ligar para eles para saber o que está acontecendo. Nós podemos estar atrapalhando uma briga familiar ou coisa assim'. Free-I responde: 'Não, cara, Peter é meu amigo. Vamos ficar aqui e ver o que podemos fazer'. Eles bateram ao portão pela quarta vez, agora batendo com suas chaves na caixa de correspondência, certos de quem estivesse dentro da casa ouviria os barulhos.
Ninguém sabia porque os cachorros não se precipitaram sobre aquele homem que ia atender ao portão, coisa que acontecia normalmente ainda que os cachorros não fossem treinados para atacar. Tão logo Free-I atravessou o portão, ele percebeu que as vibrações daquele estranho eram muito negativas. O homem foi muito seco e parecia conduzí-los para dentro, como se estivesse avisando alguém que eles iriam entrar. Eles caminharam em direção à porta de entrada, estranhando que os cachorros não estivessem em volta e que não havia ninguém para detê-los. Quando abriram a porta, o homem a trancou e sacando de sua arma, arrebentou a corrente de Free-I. Ele ainda tirou 400 dólares (jamaicanos) dos bolsos do DJ e disse que os outros dois estavam de guarda lá em cima. Quando Free-I e Joy entraram na sala, viram todo mundo no chão. Marlene falou: 'Isto é definitivamente uma armadilha. Isto é definitivamente o que parece ser, não mexam com essa gente, apenas fiquem deitados de bruços'. Free-I esticou-se no chão. Marlene pediu a Joy para se aproximar e sentar-se com ela, o que foi feito rapidamente.
Naquela altura, os três atiradores estavam em pleno frenesi. Eles estavam ali há meia hora. Quando chegaram, haviam cinco pessoas na casa, agora já eram sete. Sete testemunhas e todas conheciam um deles. Dennis Lobban foi 'revistar' o quarto, mas voltou sem encontrar nada. Perguntou: 'Cadê a grana? Cadê a grana estrangeira que vocês trouxeram da América para a Jamaica? Onde está o DINHEIRO? ' Peter olhou para ele e disse: 'Boy, Leppo, eu não tenho nenhum dinheiro, você sabe, mas se você voltar na terça-feira,. Nós podemos conseguir algo. Mas eu não tenho qualquer dinheiro agora. Eu não tenho NENHUM dinheiro. Você pode revistar a casa toda, não há dinheiro'. Leppo continuou: 'Onde está o cofre com dinheiro?' Marlene respondeu: 'Leppo, nós não temos nenhum dinheiro, por mais que você não acredite. Nós estávamos dispostos a ir ao banco hoje, mas não pudemos'. Naquele momento, considerando o estado emocional dos pistoleiros, Marlene estava quase a ponto de ganhar a situação. Ela estava trabalhando cuidadosamente com o intuito de convencê-los. A adrenalina corria pesadamente. Eles estavam lá há 45 minutos. As pessoas os conheciam. A discussão estava perto de acabar. Lá não havia dinheiro. Eles estavam indo embora. Santa estava deitado com o nariz no chão, orando os SALMOS mais e mais. Neste momento, ele sentiu que era aquilo que podia salvar a sua vida e sabia que seria poupado por causa do trabalho que lhe foi deixado pra fazer nesta terra.
O altão, que tinha posto o machado sobre Peter, virou-se para Lobban, que continuava insistindo sobre o dinheiro, e falou: 'Por que você está discutindo tanto com eles, man? Por que você não vem aqui e faz logo aquilo que você veio fazer? Deixe-nos sair deste lugar'. Com isto, Leppo olhou para ele, virou-se e .... BOOM! O primeiro tiro acertou Marlene. A bala passou através de seus cabelos, arranhando seu couro cabeludo, e entrou pela boca de Joy, saindo do outro lado. Marlene e Joy foram feridas com a mesma bala. Marlene caiu. Ela não estava morta, mas ela e Joy fingiram estar assim. Lobban viu o sangue saindo da cabeça de Marlene e achou que ela estava morta. Ele hesitou alguns segundos e voltou-se para Peter. BOOM!, BOOM!... dois tiros diretos atravessaram sua testa. Mais uns poucos segundos de silêncio, até que os tiros começaram a disparar das três armas, atingindo todo mundo. Michael Robinson sentiu um tiro atingí-lo em sua coxa. Tentou proteger-se com uma pequena mesa de café que havia no centro da sala. Após cerca de oito ou nove tiros, os assassinos cessaram fogo. Michael espiou cuidadosamente com o canto do olho, fingindo-se de morto e viu os pés de Lobban em sua direção. Lobban parou próximo a ele e, então, ele ouviu um novo tiro. Aquele tiro foi para Wilton ‘Doc' Brown. Ele foi atingido na cabeça `a queima-roupa e morreu na hora. Michael viu então, que alguém se aproximou de Free-I, mirou a arma atrás de sua orelha e deu dois tiros. Neste momento, Free-I foi morto com todas as suas boas intenções e propósitos. Então espiou horrorizado que Lobban caminhava até ele. Ele sentiu o calor da arma engatilhada, mas aquele não era o seu momento de morrer. O tiro veio de raspão, passou através de sua boina de couro e de suas tranças, apenas arranhando o couro cabeludo.
Michael pensou que tudo estava acabado então. Ele tinha a bala em sua perna e o sangue saindo de sua cabeça. Como estava lá, estendido, pensou: 'É isto que acontece quando você morre?'Mas então, BOOM! Mais um tiro, desta vez vindo de outra direção, que penetrou suas costas, novamente protegida pelo couro de sua jaqueta. Pela graça de JAH, a bala apenas arranhou suas costas, mas ele acreditou mais ainda que a sua vida tinha acabado. Depois disto, os pistoleiros o deixaram e atiraram mais umas seis ou sete vezes em torno da sala. Então o tiroteio parou. Passos correndo escada abaixo e sons como motocicletas deixando a área. Aquele barulho era na verdade, de um furgão VW, no qual havia um motorista aguardando para a fuga.
Michael ouviu à distância, uma voz chiando em seu ouvido, como que vinda de um megafone. Parecia estar competindo com o zumbido que subjugava sua audição. Quando ele abriu os olhos, tudo o que podia ver era fumaça e o ambiente envolvido por um cheiro de sangue, suor e morte. A primeira pessoa que viu foi Doc Brown. Era óbvio que ele estava morto. Uma voz dizia: 'Esta todo mundo bem? Quem está ferido? Você esta pior do que ele', etc. Era a voz de Marlene. Como Robinson tentou se mover sozinho, Marlene desceu correndo para pedir ajuda.
No início, ninguém da vizinhança quis se envolver. Finalmente, o vizinho que mora do outro lado da rua, um advogado, veio ver o que tinha acontecido. Ele ouviu os tiros, vinte e quatro no total. Era incrível imaginar como alguém podia ter sobrevivido a um ataque daqueles... três pessoas atirando em sete outras estendidas no chão de uma pequena sala, imóveis, ainda quatro delas estavam vivas. Quando o advogado percebeu o que aconteceu, trouxe seu carro para dentro e enquanto o preparava, Marlene e Joy carregaram Peter para baixo. O ferido foi colocado no carro do advogado levando 'Doc' Brown no banco de trás. Como eles estavam vivos, Joe Borzeki pulou na direção e arrancou em disparada. Alguém parado no caminho da porta gritou: 'Houve tiroteio, um massacre! 'Esse alguém nunca se daria conta, dentro da sua própria mente, que eles pudessem atentar contra a vida de Peter, até que entrou na casa. Se deu conta quando viu as manchas de sangue de Michael e de Peter ao longo das paredes da escada. Se deu conta, quando caminhou até a sala e viu o corpo de Doc estirado. Se deu conta, quando foi atingido pelo odor acre da pólvora que ainda flutuava no ar. Era uma cena que ele jamais poderia esquecer: 'Eu sabia, quando entrei na casa e vi a carnificina deixada para trás, que Peter estava morto. Eu pensei que todos que estavam na casa haviam morrido. Nem sei de quem eram os corpos estendidos no chão...', continuou Joe, 'a polícia estava lá, a força aérea, o exército, divisão de operações, qualquer um com uma arma de fogo, legal ou ilegal, estava na residência de Tosh naquela hora...'Joe apressou-se até ao hospital...
FIM DA SEGUNDA PARTE
Leia a Primeira Parte
Leia a Terceira Parte
Traduzido da revista ReggaeReport por Geraldo Carvalho
Copyright(c) MassiveReggae
Desenvolvid